05 dezembro 2008

Relato de Graciela

O nascimento da minha primeira filha.

Vou contar para vocês rapidamente como os caminhos foram se fechando no meu primeiro parto. Eu mesma os fechei de várias formas. Serei breve, pois ainda é um tema que me angustia.

Entrei em trabalho de parto, se é que assim podemos dizer, por volta de umas seis da tarde, com contrações de 5 em 5 minutos. Era uma coliquinha, as vezes mais forte, as vezes mais fraca. Meu tampão ficou saindo durante uma semana e no dia anterior tinha saído completamente. Meu esposo ficou tomando nota dos intervalos e lendo o livro Parto Ativo.

Achamos que tudo se desenvolveria naquela noite do dia 12 para o 13 de dezembro. Estávamos muito ansiosos. Avisamos o médico, fomos para o hospital, que era bem pertinho de casa.

Chegamos lá, demos entrada na recepção e o médico nos atendeu. Fez o toque e nada. Os mesmos 1,5 de dilatação da última consulta (a 15 dias atrás).
O último dopler tinha dado tudo ok. Posição cefálica, sem cordões, nenhum problema no coração do bebê, nem com o líquido e placenta. A única coisa era a minha pressão que veio subindo durante a gravidez.

Naquele dia estava com 14 por 9 algo assim... Eu já estava no final da 39 semana. Anteriormente, o médico já tinha me dito que não era bom passar da 39, pois mãe e bebê estariam em risco. Nem eu queria isso. Eu queria mesmo era estar com ela no colo, ambas bem de saúde.

Entre olhares e várias perguntas e várias respostas..., mais de uma hora de consulta. Eu perguntei ao médico se podia esperar mais aquela noite. Pois, segundo ele, se eu entrasse para o centro cirúrgico naquele instante, depois de 30 minutos eu estaria com o bebê nos braços!

Fui para casa já sem dor nenhuma e a noite sonhei que minha bolsa tinha rompido e acordei muito feliz, procurando o lençol molhado. Essa era a minha esperança que algo naturalmente viesse a ocorrer. Simplesmente fomos para o hospital, conforme o combinado do dia anterior, para a cesárea. Já que eu não tinha dado o ar da graça....

Internei e fiquei deitada na cama com soro, sentindo umas contrações opacas. Esquisito. Não sei se ele induziu e me deu anestésico. Disse que pelo ritmo das contrações já era para eu estar sentindo muita dor. Eu não sentia nada. Não me lembro muito também.

Meu esposo esteve presente o tempo todo. E eu realmente tinha muito medo da mesa de operação. Quando sentei na mesa de cirurgia para tomar a injeção nas costas, me deu uma dor. Mas uma dor que parecia que ia me abri no meio. Tive duas dessa.

O médico ainda parou tudo e fez um último toque e tinha mais um centímetro. E agora? Eu pensei. Agora vai assim e me dá logo essa anestesia, eu quero ver meu bebê.

Veja, foi realmente uma escolha minha até a última hora.

Tatiana estava lá em baixão mesmo. Aliás, ela estava fazendo os movimentos necessários. Ela esperava a passagem se abrir muito ativamente. O médico teve que fazer uma força enorme para tirá-la de dentro de mim. Foram duas ou três tentativas sem sucesso. Até que senti uma grande pressão na barriga e costelas. Então, o médico, as enfermeiras, e até eu, imaginando como seria fazer força realmente (me iludindo), fizemos força para baixo para ela nascer.

Eu já estava escutando o choro dela meio abafado. Quando saiu a cabeça, ela berrava imensamente. E assim ela foi tirada de mim às 8 e 36 da manhã do dia 13 de dezembro de 2001. Ela só acalmou quando o pediatra colocou-a perto de mim. Conversei com ela, toquei na sua cabeça, beijei, lambi, chorei...

Ele a tirou novamente e ela chorava muito alto. Depois pedi que a colocassem perto novamente, ela veio e me reconheceu. Perguntei se podia amamentar. Me disseram que não. E assim foi para o berçário. Meu esposo ficou comigo.

Mais nada para fazer, me deu um grande remorso por não estar do lado dela. Por não poder levantar dali e outras más lembranças de operações passadas. Comecei a tremer e a sentir muito frio mesmo, como da outra vez. E logo me apagarm.

Acordei ao meio dia desesperada para dar de mamar. Onde está o bebê? Liga pro berçário e diz para não dar nan... Eu nem mexia as pernas ainda. Comecei a me mover, mas dormi de novo.

Uma hora depois, acordei chamei o enfermeiro e disse que iria de qualquer jeito, me arrastando se fosse preciso. Me joguei na maca e ele me levou. Quarenta minutos depois entra a Tati e sem pestanejar ela agarrou meu peito e mamou muito, muito mesmo.

Eu achava que o parto viria normalmente. Por que e para o que eu precisava me preparar?

O pós-parto foi tenebroso. Fiquei dois meses andando curvada, pois tive alergia ao microporo. Era meu esposo que me virava na cama. Eu não tinha força nenhuma, não ninava meu bebê. Só dava de mamar.

Enfim, juntando os caquinhos dessa mulher que sou hoje, com muita terapia, força interna no lugar certo, com tranqüilidade, resolvemos engravidar novamente.  E lá ia eu pelo mesmo caminho, se não fosse uma conversa entre amigos: “Sua médica já falou se vai ser cesárea?” “Quem é ela?” “Você sabe que aqui tem um movimento a favor do parto normal?”
Ufa, esse relato será diferente!!!!

Comentátio da Alex-doula: E como foi diferente! Pedro nasceu de um maravilhoso, vitorioso VBAC (parto natural) e foi direto para o colo da mãe.

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